Ao longo da história da arte contemporânea, a questão da morte da pintura foi levantada para falar do esgotamento desse suporte - como um suporte necessariamente atrelado à tradição artística, contra a qual se bateram (e se fascinaram) os artistas do século 20 -, mas também para falar do fim da narrativa linear da arte, ou do fim da história da arte como discurso sobre a produção artística. Mas efetivamente a pintura permaneceu como meio importante da prática artística contemporânea, em várias partes do mundo. No Brasil, os artistas que lançam mão desse meio são muitos e o fazem, como veremos aqui, de formas muito diferentes. Certo é que ele se combina a outros meios, como a gravura, a fotografia, o vídeo, etc, por vezes para rever determinados gêneros tradicionais - no caso de "Os Desígnios da Arte...", a paisagem brasileira.
A pintura, o meio, o desígnio: esses três termos tem uma longuíssima tradição na literatura artística e serviram, pode-se dizer, a um argumento fundamental. Trata-se da afirmação da arte como campo legítimo de produção de conhecimento, através da ferramenta primeira que os une: o desenho (ou na acepção antiga da palavra em italiano - disegno - desígnio/desejo e invenção). Por isso, talvez, a pintura nunca morra. Assim a produção atual, aqui e no mundo, tem mostrado sua capacidade de se reinventar como meio.
Nos anos 1980, o MAC USP sediou uma mostra, hoje tida como pioneira (e pelo Museu mesmo revisitada há alguns anos), da jovem produção em pintura daquela década. Com curadoria de José Antonio Marton.