A mostra, em cartaz entre os dias 6 de outubro e 16 de dezembro de 2018, revela ao público um panorama do trabalho do pintor e escultor baiano, e sua inserção na arte nacional e internacional, privilegiando a produção pictórica e escultórica do artista com obras disponibilizadas de coleções públicas, particulares e dos herdeiros do artista. A exposição tem entrada livre e gratuita.
As obras do artista sintetizam em formas geométricas as simbologias místicas de matriz africana e se destacam na arte moderna construtivista e concretista brasileira. Para apresentar sua produção foram reunidos cerca de 50 trabalhos, entre pinturas, gravuras e esculturas, que mapeiam sua trajetória artística com ênfase nos trabalhos realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Um recorte inédito que resgata a negritude de sua arte e destaca a maturidade estética alcançada no período em que viveu nas referidas capitais.
As primeiras experiências deste que é um dos mestres do construtivismo foram abstradas, contudo, em meados da década de 1950, movido por questões ideológicas, buscou sua ancestralidade africana e encontrou na cultura popular afro-brasileira as características que nortearam seu trabalho até o final da vida, em suas pinturas, esculturas e objetos, em uma trajetória artística avessa às modas. “O trabalho de Valentim tem a autonomia de sua fantasia e assim será lido em tempos futuros. Sua pintura ultrapassa essa objetividade mais visível. Ele desenvolveu sua arte a partir de signos da cultura afro ao som de atabaques que reclamavam uma erudição”, destaca o curador Marcus Lontra.
A exposição é, portanto, um momento de consagração e valorização da questão negra na obra do artista, em uma luta de resistência contra os padrões estéticos vindos de fora. Reelaborando o pensamento construtivista, Rubem Valentim passou a empregar signos inspirando-se nas ferramentas e nos instrumentos simbólicos do candomblé, sintetizando-os nas formas geométricas. Para o crítico italiano Giulio Carlo Argan, a arte do brasileiro correspondia a uma “recordação inconsciente de uma grande e luminosa civilização negra anterior às conquistas ocidentais.”
Em São Paulo, Rubem Valentim realizou uma escultura de concreto instalada na Praça da Sé, obra pública de marco histórico na cidade. A escultura Emblema de São Paulo, em concreto armado aparente, com 8,5m de altura, foi definida pelo artista como “Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira”. A obra integra o conjunto de 14 esculturas instaladas na praça quando ela foi reurbanizada junto à construção da estação Sé do Metrô, inaugurada em 1978.
Há 20 anos sem uma mostra dedicada exclusivamente à sua obra, essa exposição - que já passou pela CAIXA Cultural Brasília em 2017 - resgata para o público a produção de um artista que contribuiu de forma decisiva para a história da arte brasileira e agregou valores internacionais e da cultura afro-brasileira na construção das questões vanguardistas presentes no século XX.
Sobre o artista
Nascido em Salvador, Rubem Valentim (1922-1991) formou-se em odontologia antes de se dedicar definitivamente às artes plásticas, por volta de 1948. Cursou jornalismo ao mesmo tempo em que se envolvia com a pintura, e em 1954 realizou sua primeira individual. Em 1957, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a participar intensamente da vida artística da cidade carioca e de São Paulo. Expõe em mostras importantes, inclusive em diversas Bienais, nacionais e internacionais. Em 1963, mudou-se para Roma, onde residiu por três anos. Em sua volta para o Brasil, morou em Brasília, onde dirigiu o Ateliê Livre do Instituto Central de Artes da UnB.
Serviço
Exposição: “Rubem Valentim – Construção e Fé”, com curadoria de Marcus de Lontra Costa.
Datas e horários: Abertura dia 6 de outubro de 2018, sábado, às 11h (visita guiada com o curador às 12h30). Em cartaz até 16 de dezembro de 2018. De terça-feira a domingo, das 9h às 19h.
Local: CAIXA Cultural São Paulo | Praça da Sé, 111 - Centro, São Paulo.
Entrada livre e gratuita.