Enquanto Arsham criará um enorme jardim zen em que artefatos modernos petrificados substituem as tradicionais pedras como elemento de decoração, Azuma construirá uma instalação viva composta por um grande círculo de flores.
Em meio ao mar e à montanha cariocas, uma ponte conceitual entre Nova York e Tóquio ocupará o Aterro do Flamengo a partir desta segunda-feira, como parte do projeto “Outras ideias”. Sob curadoria de Marcello Dantas, o americano Daniel Arsham e o japonês Azuma Makoto assinam a inédita parceria, com duas instalações grandiosas de arte pública, calcadas na cultura oriental, e uma exposição no Oi Futuro Flamengo, também inaugurada nesta segunda.
Arsham, conhecido por obras que dialogam com a arquitetura, como em ambientes em que paredes corroídas guardam objetos atuais fossilizados, assina, ao ar livre, um jardim zen que convida o espectador a explorar o espaço como se fosse um arqueólogo de seu próprio tempo. Internamente, expõe os objetos que são marca de sua criação
Já Makoto, notabilizado pela “escultura botânica”, com a qual ressalta o lado efêmero da arte e da própria vida — com o envio de bonsais para o espaço ou com arranjos de plantas exibidas em grandes blocos de gelo —, expõe uma mandala de flores de 20 metros de diâmetro, no Aterro, e uma caixa de vidro de três metros de altura, repleta de flores, no Oi Futuro.
— É um diálogo aparentemente improvável, mas que tem vários pontos de contato e convida o espectador a olhar para dentro, algo às vezes difícil em uma cidade exuberante como o Rio — diz Dantas. — As duas instalações propõem uma reflexão muito importante neste momento da cidade. Em termos globais, nos deparamos com grandes retrocessos, talvez estejamos esgotando nosso leque de referências no Ocidente, e a cultura oriental pode oferecer uma nova via de pensamento.