Uma das apostas da programação da 27ª edição do Festival de Teatro de Curitiba é a peça “Domínio Público”, que será apresentada no Teatro da Reitoria, nos dias 29 e 30 de março.
A coprodução da curadoria do festival reúne quatro artistas que foram foco de atenção e debates sobre expressão artística, liberdade, censura e se tornaram alvos de discursos radicais.
Ao longo de 2017, Maikon K, Renata Carvalho, Wagner Schwartz e Elisabete Finger, cada um em uma situação diferente, levantaram questões sobre quais, afinal, são os limites da arte.
Maikon ficou conhecido como “o homem nu da bolha”; Renata, como “a travesti que interpreta Jesus”; Wagner como “o homem nu do MAM (Museu de Arte Moderna, de São Paulo)”; e Elisabete como “a mãe do MAM” (a mãe que permitiu que sua filha tocasse o homem nu).
Em “Domínio Público”, eles se colocarão diante do público – sem a intermediação de plataformas digitais, telas de computador ou telefones celulares –, com microfones abertos para amplificar o que pensa a respeito.
Segundo os curadores Guilherme Weber e Márcio Abreu, responsáveis por convidar os espetáculos da Mostra 2018, essa será uma peça para abordar a onda de conservadorismo e intolerância que assolou o Brasil no ano passado.
“Os artistas refletem sobre as fake news, o papel da mídia, os robôs e as mensagens de ódio, estado e religião, arte e sexo como uma resposta pública ao momento virulento que o Brasil enfrenta”, explicaram.
Os artistas
- Maikon K: No dia 15 de julho de 2017, foi agredido e preso pela Polícia Militar de Brasília, durante sua performance “DNA de DAN”, sob alegação de atentado ao pudor, em frente ao Museu Nacional da República. A performance fazia parte do projeto Palco Giratório, do Sesc. “DNA de DAN” foi escolhida pela artista Marina Abramović, maior referência da performance no mundo atualmente, para integrar sua megaexposição Terra Comunal no Sesc Pompeia, em São Paulo, em 2015.
- Renata Carvalho: “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, chegou a ser censurada em Jundiaí, em Salvador, mas foi mantida em outras cidades. O espetáculo foi escrito pela autora transexual inglesa Jo Cliford e, na montagem brasileira, é Renata quem interpreta o papel de Jesus.
- Wagner Schwartz: “La Bête” (O Bicho), performance que dialoga com uma série de esculturas de Lygia Clark e que chegou a ser apresentada em 2016 na Mostra do Festival de Curitiba, foi objeto dos debates mais acalorados sobre arte em 2017, pois em uma apresentação no MAM (Museu de Arte Moderna), o tornozelo de Wagner – que se apresenta nu – foi tocado por uma criança. Este é o terceiro ano seguido em que o artista participa da Mostra.
- Elisabete Finger: A performer e coreógrafa Elisabete Finger ficou conhecida como “a mãe que permitiu que sua filha tocasse o tornozelo do homem nu do MAM”, embora tenha um sólido trabalho nas suas áreas de atuação. Foi artista residente na Casa Hoffmann (Curitiba, 2004), fez parte da Formação Essais no Centre National de Danse Contemporaine d’Angers (França, 2005-2006), e do Programa SODA – Solo/Dance/Authorship, mestrado em dança pela HZT/UdK (Berlim – Alemanha, 2010-2011).
Sobre o festival
O Festival de Teatro de Curitiba chega a 27ª edição com mais de 400 atrações – sendo uma pré-estreia e sete estreias nacionais e três espetáculos internacionais. O evento acontece entre os dias 27 de março e 8 de abril.
Espetáculos de teatro e de música, oficina, palestras e atividades gastronômicas vão ocorrer em mais de 90 espaços da cidade e também da Região Metropolitana. Serão 384 sessões gratuitas.
Os ingressos podem ser comprados no site do festival, no aplicativo "Festival de Curitiba 2018" e nos quiosques montados no Shopping Mueller e no Park Shopping Barigui.
Serviço
Domínio Público
- Data: 29 e 30 de março
- Hora: 21h
- Local: Teatro da Reitoria
- Ingresso: R$ 70 (inteira) R$ 35 (meia) + taxa administrativa
Foto: Domínio Público é uma das grandes apostas da programação do Festival de Teatro de Curitiba (Foto: Divulgação)
Fonte: G1