A Lei 2.365 torna obrigatória a presença de obras de arte em todo edifício ou praça com área igual ou superior a mil metros quadrados. Aprovada em 1999, a legislação possibilita e democratiza intervenções artísticas. Há casos em que o próprio artista se transforma em figura central de empreendimentos imobiliários. Três prédios residenciais com obras de Betty Bettiol, Darlan Rosa e Francisco Brennand serão entregues aos brasilienses nas próximas semanas.
O artista plástico Darlan Rosa recebeu a missão de criar uma obra para marcar a trajetória do jornalista e escritor Carlos Chagas. Localizado na 208 Norte, o prédio, que leva o nome de Chagas, abrigará uma escultura de 1,5m de diâmetro feita pelo artista. “Estou muito satisfeito por ter uma obra no prédio homenageando a Carlos Chagas. Éramos grandes amigos”, afirma, emocionado, Darlan Rosa.
A relação da escultura com a arquitetura do prédio se dá pela forma geométrica. “O trabalho artístico explora as possibilidades do cubo — estrutura presente nas construções em geral”. Apesar de ter como marca registrada sempre o uso de duas curvas, Darlan afirma que é preciso se reinventar a todo instante. “A repetição perde o sentido. Eu arrisco muito. É preciso alcançar novos voos”. O edifício será entregue hoje aos proprietários.
Duplamente agraciada, Betty Bettiol dá nome ao prédio da 211 Norte — será inaugurado em 16 de setembro e possui um painel nomeado pela artista como Beta. “A ideia foi de me homenagear como pessoa e como artista plástica. É uma dupla responsabilidade: meu legado e minha arte expostos”, comemora Betty.
As faixas da obra da artista se confundem com as diferentes tonalidades de cores. Ao ver o resultado do painel colado na parede pela primeira vez, Betty não esconde o entusiasmo e fica surpresa com o resultado. “A minha obra tem tudo a ver com Brasília. A cor verde representa os nossos gramados; o azul, o céu esplendor; e o branco simboliza os monumentos característicos”, esclarece a artista.
Aos 76 anos, Betty Bettiol assume que a idade contribui para um novo estilo de arte. “Enxergo a vida mais colorida e retrato isso nas minhas obras. Tenho mais audácia e coragem”, conta a artista, e ainda promete: “Ainda tem muita novidade para vir”.
O residencial que completa as inaugurações leva nome e obra do icônico Francisco Brennand, localizado na 115 Norte. O artista desenvolveu, no pilotis do prédio, um painel de cerâmica que chega a 2,5 metros. Brennand é agraciado pelos companheiros como um dos maiores artistas brasileiros. “O trabalho do Brennand é magnífico. Um dos ícones brasileiros”, testifica Darlan Rosa.
Paulo Octávio é um dos responsáveis por promover a ligação entre arte plástica e figuras emblemáticas da capital. “Unifico as obras aos prédios antes mesmo de ser lei. Faço isso para homenagear os clientes e para valorizar os artistas”. As construções carregam nomes como Athos Bulcão, Burle Marx, Galeno, Ruy Ohtake e Tomie Ohtake.