Artista Luiz Roque participará da 59ª Bienal de Arte de Veneza, que deve ser realizada entre 23 de abril a 27 de novembro de 2022 — Foto: Guido Limardo / Divulgação
Ao lado de outros quatro artistas brasileiros, o gaúcho Luiz Roque, natual de Cachoeira do Sul, foi anunciado como participante da Bienal de Arte de Veneza, uma das mais prestigiadas exposições do mundo, que acontece entre 23 de abril a 27 de novembro deste ano na cidade italiana.
O evento estava marcado para acontecer no ano passado, mas precisou ser adiado por conta da pandemia de Covid-19.
"É bastante gratificante. Muito importante, porque é uma exposição relevante. Mas acho que nós, artistas, temos que tomar cuidado. A exposição é importante, mas você tem que fazer o trabalho que está a fim defazer. Não quero que nada mude na minha cabeça porque estou na perspectiva de participar da Bienal de Veneza", avalia Luiz Roque.
Além de Roque, os brasileiros Lenora de Barros, Rosana Paulino, Solange Pessoa e Jaider Esbell terão obras expostas. Esbell é o artista responsável pela obra "Entidades", que ficou exposta no Parque da Redenção, em Porto Alegre, em outubro do ano passado.
A obra consistia em duas cobras de 7 metros que flutuavam sobre o espelho d'água do parque, como representações de fertilidade e abundância. O artista, de origem indígena e membro da etnia macuxi, morreu em novembro de 2021.
Obra foi montada no Parque da Redenção em Porto Alegre — Foto: RBS TV/Reprodução
Veneza: 213 artistas de 58 países
Exposição de arte que reúne realizadores de todo o mundo, a Bienal de Veneza de 2022 vai apresentar obras de 213 artistas naturais de 58 países, em um total de 1.433 mostras. Nesta edição, a mostra será dividida em três temas: corpos e suas metamorfoses; indivíduos e tecnologias; e corpos e a Terra.
Serão exibidas obras em diversas plataformas, como pinturas, objetos e artefatos contemporâneos, além de fotografia e vídeo — essas duas, as expressões preferidas de Roque.
Com uma produção que transita entre o cinema, a fotografia e as artes visuais, Roque é formado em Relações Públicas na UFRGS. Nascido em Cachoeira do Sul, no Centro do Rio Grande do Sul, morou em Rivera, na fronteira do Uruguai com a gaúcha Santana do Livramento, antes de se mudar para a capital do estado e, posteriormente, para São Paulo.
Lá, começou uma produção que tinha mais a ver com cinema do que com qualquer outra forma de expressão. O vídeo iria se manter protagonista em sua arte, mas com referências emprestadas de outras plataformas.
Em 2011, Roque assinou a direção de arte do filme "Bruna Surfistinha", do diretor Marcus Baldini.
"Sempre me interessei por cinema e, quando conheci pessoas que também se interessavam, comecei a fazer filmes. Esses filmes viraram trabalhos, saíram das salas de cinema e foram para exposições", explica.
As obras que Luiz Roque levará a Veneza ainda são confidenciais: uma já está pronta, a outra é uma produção nova. As obras não são necessariamente inspiradas na pandemia e em suas consequências, mas, de certa forma, abordam temas inerentes ao momento especial que todo o mundo vive — a Itália foi um dos países que mais cedo precisou lidar com a Covid.
"Os trabalhos foram feitos durante a pandemia, mas têm mais a ver com processos que passei no ano passado, principalmente a morte da minha mãe e a doença grave do meu pai, que tem Alzheimer. Foram perdas que aconteceram ao mesmo tempo, então o trabalho acaba tendo a ver com o conceito de passagem", reflete, remetendo a um dos temas centrais desta edição da Bienal de Veneza.
Obra "Zero" (2019), de Luiz Roque, foi exposta no espaço Pivô, em São Paulo, em 2020 — Foto: Everton Ballardin / Divulgação
Fonte: G1