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Arte Perdida Encontrada Sob Célebre quadro de Picasso - Guia das Artes
Arte Perdida Encontrada Sob Célebre quadro de Picasso
Arte Perdida Encontrada Sob Célebre quadro de Picasso
A descoberta oferece um novo olhar sobre o processo criativo do artista inovador.
inserido em 2018-03-05 13:05:08
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Em 1957, quando Pablo Picasso estava na casa dos 70 anos, afirmou que a tecnologia de raios X poderia um dia revelar uma obra perdida sob os seus primeiros quadros. Atualmente, essa previsão tornou-se realidade - apesar de a tecnologia envolvida ir muito além dos raios X.

 

Utilizando ferramentas ultramodernas para investigar um dos seus quadros do período azul, os investigadores não só revelaram um pedaço oculto da história da arte em novos e magníficos pormenores, como também revelaram uma surpreendente quantidade de conhecimento sobre o processo criativo de Picasso.

A investigação com múltiplas abordagens concentrou-se no quadro “La Miséreuse accroupie” ou "A mulher agachada", pintado em 1902 e atualmente detido pela Art Gallery of Ontario. Demonstra que o modernista inovador foi inspirado pelas linhas dominantes de uma paisagem subjacente pintada por um artista desconhecido.

A análise também expõe várias mudanças adicionas à postura da mulher ilustrada no quadro - muitas das quais foram, em última análise, abandonadas por Picasso. A equipe revelou hoje os resultados da sua análise na reunião de 2018 da American Association for the Advancement of Science em Austin, Texas.

“Costumamos olhar para uma imagem como se a mesma tivesse sido assim imaginada desde o início", afirma o coautor Marc Walton, um professor e investigador de Ciência dos Materiais e Engenharia na Northwestern University. "Mas com estas imagens analíticas, conseguimos entrar na mente do artista e compreender melhor o processo criativo."

 

MAIS DO QUE ESTÁ À SUPERFÍCIE

Para a investigação, John Delaney, da National Gallery of Art, efetuou uma série de leituras com espectroscopia de “La Miséreuse accroupie”. As leituras de espectroscopia de reflexão por fibra ótica de Delaney analisaram a pintura em vários comprimentos de onda, desde o infravermelho próximo até ao infravermelho. Estas leituras revelaram os pigmentos precisos que Picasso tinha utilizado.

Uma equipe e engenheiros e cientistas de materiais da Northwestern University realizou depois leituras adicionais com uma ferramenta portátil de fluorescência de raios X, que desperta os elementos de cada camada de pigmentos no quadro. O seu trabalho deu origem a mapas detalhados em escala de cinzentos que tornaram possível visualizar as mudanças adicionais que Picasso fez à sua composição.

O trabalho geral revelou uma paisagem desconhecida e não relacionada sob o sujeito de Picasso com um nível excecional de detalhe. Para, além disso, revelou a presença inesperada de uma mão posicionada de forma esquisita a segurar um disco.

"Podemos ver que estava a limpar a tinta e a trabalhar para posicionar os dedos", afirma Walton, que ajudou a desenvolver a ferramenta de leitura por raios X.

 

REVELAÇÃO DE INSPIRAÇÃO

Kenneth Brummel, curador assistente de arte contemporânea da Art Gallery of Ontario, afirma que quando viu os pormenores da mão e do disco a emergir, tal fez-lhe lembrar de algo familiar na sua memória.

Correndo para o seu escritório para recuperar pilhas de catálogos, monografias e outros materiais de referência, analisou tudo até encontrar o que procurava: exatamente o mesmo braço, mas numa mulher diferente, na aquarela de Picasso de 1902 “Femme assise” (Mulher sentada), recentemente vendida em leilão.

As revelações de Brummel não tinham terminado. Numa visita o mês passado a um museu em Sitges, Espanha, nos arredores de Barcelona, encontrou por acaso um quadro poderá muito bem ter sido a principal inspiração para “La Miséreuse”—uma obra intitulada “Penitent Magdalene” (Madalena Penitente) pintada por El Greco por volta de 1590.

Quanto ao motivo porque Picasso teria reutilizado telas de outro artista, tal pode explicar-se por necessidade económica, uma vez que o jovem artista ainda se estava a estabelecer na sua arte, ou uma profunda inspiração orientada pelas linhas da imagem já criadas. Picasso costumava reutilizar telas por este motivo.

"Ele não raspou as telas nem colocou uma camada preparatória sobre as mesmas", afirma Brummel. "Picasso viu esta paisagem, inspirou-se e decidiu que iria pintá-la, imediatamente."

 

ANÁLISE DE ARTE MÓVEL

Apesar de ambas as técnicas de leitura terem sido utilizadas previamente para realizar análises semelhantes em quadros, normalmente, as obras de arte devem ser transportadas para instalações que possam sustentar e alojar grandes leitores comerciais. Este esforço foi uma das primeiras vezes que as ferramentas vieram até à arte, em vez do contrário.

"A portabilidade da instrumentação é uma dádiva", afirma Sandra Webster-Cook, conservadora sénior de quadros na Art Gallery of Ontario.

Webster-Cook afirma que o seu museu está atualmente a realizar uma análise semelhante noutra obra do período azul de Picasso, "La Soupe" (A Sopa). E, da sua parte, Walton está interessado em ver os resultados da análise de um quadro de Gauguin no Harvard Art Museum, que exibe texturas curiosas à superfície que não correspondem com a imagem visível.

"Este tipo de história da arte técnica é um campo em expansão", afirma Brummel.

"Ferramentas como estas permitem todo um novo nível de análises. Pensamos que podemos conhecer Picasso após todas as monografias e exposições que foram feitas sobre o mesmo, mas estes dispositivos revelam que ainda existem muito para aprender."

 

Fonte: NatGeo

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