Na manhã dessa quinta-feira, a Academia Sueca anunciou que o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2021 é Abdulrazak Gurnah.
O professor universitário nascido na Tanzânia e de origem árabe se tornou o primeiro escritor negro a ganhar a maior premiação da literatura mundial desde 1993.
A Academia afirmou que Gurnah foi premiado por “sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes.”
“Seus romances fogem de descrições estereotipadas e abrem nossos olhares para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo“, afirmou a instituição.
Abdulrazak Gurnah nasceu no Sultanato de Zanzibar — atual Tanzânia — e foi como refugiado para o Reino Unido nos anos 1960. Ele fugiu com 18 anos para a Inglaterra por conta da perseguição da Revolução Zanzibar contra cidadãos de origem árabe. Ele se tornou um proeminente professor de literatura e renomado autor na terra da rainha. Suas narrativas se concentram nos dilemas das sociedades do leste africano.
Entre suas principais obras estão “Paradise“, “Memory of Departure” e “By The Sea“. Seus romances mostram as chagas do colonialismo no continente africano e as dores dos imigrantes. Nenhum livro do autor foi editado para o português ainda.
Abdulrazak se tornou o quarto negro — a última vencedora foi Toni Morrison, primeira mulher negra a receber a distinção, em 1993 — e o segundo árabe a ganhar o prêmio. O primeiro havia sido Naguib Mahfouz, escritor egípcio que levou o prêmio em 1988.
Em entrevista à Academia Sueca, o autor criticou a forma como governos e parte dos cidadãos europeus lidam com os refugiados, com políticas anti-imigração extremamente rígidas: “Quando os imigrantes chegam, isso é uma via de mão dupla porque, certamente, eles têm algo a lhes dar. Ninguém chega de mãos vazias. A maioria deles são pessoas talentosas e cheias de desejo para criar coisas novas. Então é crucial pensar nisso. Vocês não podem pensar nos imigrantes como se eles fossem apenas famintos“. Se há alguém que é prova disso, ele se chama Abdulrazak Gurnah.
Fonte: Hypeness